Jundiaí, Sábado, 20 de Abril de

Como nasceu a Umbanda - Por Pai Benedito Soares da Silva Neto – Pai Benê


A Umbanda nasceu no dia 15 de Novembro de 1908 (oficializado no Brasil no dia 18 de Maio de 2012 pela lei federal 12.644) na Federação Espírita de Niterói, através do medium Zélio Ferdinando de Moraes.

A história da Umbanda

Zélio sofria de uma paralisia e os exames médicos não indicam nada de anormal, mas mesmo assim ele não conseguia se movimentar da cintura para baixo. Um dia, ao acordar, anunciou à sua família: "amanhã estarei curado". No dia seguinte, se levantou da cama e andou como se nada tivesse acontecido. O fato espantou seus médicos, que também eram tios de Zélio e padres católicos, que não conseguiram explicar o que havia ocorrido. Zélio, então, foi levado à Federação Espírita de Niterói e, chegando lá, o médium dirigente iniciou os trabalhos. 

Em determinado momento, Zélio se afastou e buscou uma rosa, que colocou no centro da mesa. Os presentes estranharam aquilo, estranharam ainda mais quando vários espíritos começaram a se manifestar e se identificaram como caboclos indígenas ou escravos africanos.

O médium dirigente do centro pediu que esses espíritos se retirassem. O espírito que havia levado Zélio a buscar a flor voltou e questionou o médium dirigente, perguntando o motivo dele considerar que aqueles espíritos não eram evoluídos, apenas por terem sido de cor e classe social diferentes da dele na última reencarnação.

O espírito então respondeu: "Se julgam atrasados estes espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho (referindo-se a Zélio, que abriu espaço para esses espíritos e aceitou ser um canal para eles) para dar início a um culto em que esses pretos e índios poderão passar suas mensagens e, assim, cumprir a missão espiritual que a eles foi confiada. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E, se querem saber o meu nome, que seja este: Caboclo das sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim"

O Caboclo das Sete Encruzilhadas manifestou-se novamente no dia seguinte e, por meio de Pai Zélio de Moraes, procedeu a uma série de trabalhos espirituais bem sucedidos e estabeleceu normas que delineariam a nova religião, dedicada exclusivamente à caridade espiritual, através de passes e curas de enfermos: os médiuns deveriam estar uniformizados de branco; os cânticos não teriam acompanhamento de atabaques nem palmas ritmadas (o que hoje não é a realidade da maioria dos centros de umbanda, uma vez que palmas e atabaques são amplamente utilizados e foram incorporados aos trabalhos de Umbanda); seus preceitos seriam baseados apenas em água, amaci de ervas, flores e pemba, não sendo permitido o sacrifício de animais; e o atendimento seria totalmente gratuito.

A Umbanda tem como mentores os Caboclos e os Pretos-Velhos e adota para si o princípio de ser uma religião voltada pra os humildes, símbolo da igualdade que deve existir entre todos, estejam encarnados ou desencarnados. Os três pilares da Umbanda são Fé, Amor e Caridade.